Carta aos Comunistas
Luiz Carlos Prestes*
Companheiros e amigos!
De regresso ao Brasil, pude, nos meses já decorridos, entrar em contato direto com a realidade nacional e melhor avaliar os graves problemas que enfrenta o PCB, o que me leva ao dever de dirigir-me a todos os comunistas, a fim de levantar algumas questões que, em minha opinião, tornaram-se candentes para todos os que, em nosso país, de uma ou de outra forma, interessam-se pela vitória do socialismo em nossa terra. E é baseado no meu passado de lutas e de reconhecida dedicação à causa revolucionária e ao PCB, que me sinto com a autoridade moral para dizer-lhes o que penso da situação que atravessamos.
Sinto-me no dever de alertar os companheiros e amigos para o real significado da vasta campanha anticomunista que vem sendo promovida nas páginas da imprensa burguesa. Campanha esta visivelmente orquestrada pelo regime ditatorial, visando a desmoralização, a divisão e o aniquilamento do PCB. Fica cada vez mais evidente que, através de intrigas e calúnias, o inimigo de classe ? após nos ter desferido violentos golpes nos últimos anos ? pretende agora minar o PCB a partir de dentro, transformando-o num dócil instrumento dos planos de legitimação do regime. Este é o motivo pelo qual as páginas da grande imprensa foram colocadas à disposição de alguns dirigentes do PCB, enquanto em relação a outros o que se verifica é o boicote e a tergiversação de suas opiniões. Basta lembrar a matéria publicada no Jornal do Brasil de 3 de fevereiro último, quando esse jornal falseia a verdade ao dizer que me recusei a manifestar minha opinião e, ao mesmo tempo, serve de veículo a uma série de calúnias e acusações que lhe teriam sido fornecidas por algum dirigente que não teve a coragem de se identificar.
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Última atualização em Sex, 16 de Outubro de 2009 16:50 |
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Anita Leocádia Prestes*
Divulgada em março de 1980, inicialmente entre os militantes comunistas, a ?Carta aos Comunistas? de Luiz Carlos Prestes reflete um momento histórico especial na trajetória do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Com a anistia dos presos e perseguidos políticos, decretada pelo Governo João Figueiredo em agosto de 1979, e a relativa ?abertura? então em curso promovida pela ditadura militar implantada no Brasil a partir do golpe de 1964, tornou-se possível o regresso ao país dos exilados políticos. Dentre estes, Prestes era um dos mais destacados. Sua chegada ao aeroporto do Galeão (RJ), em 20 de outubro de 1979, transformou-se em uma grande manifestação de júbilo popular e de entusiasmo dos comunistas, que aguardavam sua liderança máxima, à espera de uma saída para a crise que reconhecidamente abalava as estruturas do PCB.
Nos anos setenta, diante da feroz repressão desencadeada pela ditadura contra as forças de esquerda no Brasil e, em particular, contra o PCB ? que teve dez membros do seu Comitê Central ?desaparecidos? -, uma parte de sua direção havia sido deslocada para a Europa, incluindo, o secretário-geral do Partido, Luiz Carlos Prestes. No exílio, a direção partidária fora reorganizada, tendo em vista a recuperação do PCB no Brasil, cuja estrutura havia sido profundamente golpeada pela repressão policial.
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Última atualização em Dom, 04 de Outubro de 2009 19:33 |
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